sexta-feira, 27 de julho de 2012

Novo testamento


Introdução ao Novo Testamento

A real manifestação de amor é demonstrada pelo relacionamento que temos com o objeto desse amor.

A Bíblia é o livro base do cristão por primazia, enquanto o Antigo Testamento nos revela a criação e a trajetória da humanidade, o Novo Testamento descortina a trajetória dAquele que foi enviado para resgatar a humanidade que havia se distanciado do seu Criador e o resultado desse resgate.

Que possamos demonstrar amor á palavra de Deus e passemos tempo com ela para desenvolvermos um relacionamento que nos fará muito bem.

No estudo do NT  deixar de mencionar alguns elementos de compunham o ambiente do NT,  para um melhor entendimento do texto sagrado.

O ANTIGO TESTAMENTO. Vemos no A.T. a história de Deus e seu povo escolhido para reprensata-lo perante as nações, mas como fica evidente esse povo falhou nessa missão e som dos Oraculos Divinos já não se ouve mais. Até a aparição de João Batista que seria a “Voz do que clama: Preparai o caminho do Senhor no deserto; endireitai ali uma estrada para o nosso Deus” (Is 40.3).

Depois de Malaquias, não temos mais registros da revelação de Deus até a vinda do Precursor. O silêncio divino é uma das contribuições para preparar o mundo para o advento de Jesus. Nesses 400 anos de silêncio divino ocorrem milhares de acontecimentos que, somados, preparam o século em que Jesus nasceu.

O Período Interbíblico tem início com a interrupção da atividade profética entre o povo de Deus. Malaquias foi o último profeta a transmitir as palavras do Senhor até o começo do ministério de João Batista. O ministério de Malaquias pode ser datado entre 470 a.C. a 433 a.C. O seu livro foi escrito em alguma data desse período.[i]

Alguns outros fatores contribuiram grandemente para a formação do palco do que o Apóstolo Paulo chama de “plenitude dos tempos entre esses fatores estão;

Os assírios, por muitos anos, estiveram com as rédeas do mundo nas mãos. Sua política e suas táticas de guerra contribuíram para espalhar e misturar povos de todo o mundo, para termos cidades mais cosmopolitanas e mais conhecimentos ou intercâmbios entre as nações da terra.

O exílio babilônico, que tanto era uma disciplina para os filhos de Deus, quanto futuramente era preparação do mundo para o nascimento (em carne) de seu Filho. Na Babilônia, os judeus curaram-se da idolatria, voltaram-se à Lei do Senhor, trocaram o hebraico pelo aramaico. Nesse período também apareceram as sinagogas, as grandes seitas religiosas e começa a Diáspora, entre outras coisas mais.

Os medo-persas, foram usados para abater a orgulhosa Babilônia. Ciro, o persa, aparece em Isaías como servo de Deus, um instrumento nas mãos do Altíssimo para grandes realizações espirituais.

O dominio grego contribuiu com o processo de helenização o qual foi de tamanha influencia para o mundo da wpoca que até hoje sentimos os seus reflexos mais que qualquer outra cultura antiga. Entre outras contribuições grega podemos citar a 1. Língua a qual foi utilizada para escrever todo o novo testamento; 2. Democracia. Propiciou um clima ameno para que as ideias de Jesus fossem pura, franca e absolutamente democráticas; 3. Filosofia. Sócrates, Platão, Aristóteles, Epícuro e Zenão deram à filosofia uma feição prática, tornando-a popular; 4. Religião. Sócrates e Platão pregaram a existência de um só Deus. O homem ansiava agora por esse Deus. Como resultado dessa ansiedade, veio a desilusão dos deuses do Egito, da Caldeia, da Grécia, de Roma etc; 5. Educação O dr. Archibald Robertson afirma que o nível cultural dos habitantes do Império era elevadíssimo. Havia grandes universidades, como a de Atenas, Tarso, Pérgamo e Alexandria. Havia também grandes escolas de oratória, como a de Rodes; 6. Moral, “inocência não é mais uma coisa rara; deixou mesmo de existir”. Dizia-se também que o “império se tingira de vermelho com sangue dos inocentes”. João tinha razão quando disse: “Todo o mundo jaz no maligno” (1Jo 5.19); 7. Sociedade. Desaparecera a sociedade simples que fizera os romanos grandes. Levantou-se uma agora vaidosa e ociosa. 8. Septuaginta. A versão dos oráculos divinos para o grego, a língua universal dos dias de Cristo, foi uma das maiores contribuições para o advento de Cristo. Milhares e milhares de judeus moravam no estrangeiro: eram os da dispersão ou diáspora. Nada mais sabiam de hebraico nem de aramaico. Desejavam ler a Torá, os Profetas, os Salmos, mas não o conseguiam por esses se acharem em hebraico. A Septuaginta, portanto, permitiu-lhes a leitura do texto sagrado e ajudou-os a permanecerem firmes em Deus e a esperarem pelas promessas do Senhor.

Os Macabeus ó Muitas pessoas acaba cometendo o engano quando tenta interpretar situações do NT com o pensamento de que o judaísmo do século primeiro era o judaísmo do final do período vetero-testamentário deixando assim de obter uma boa compreensão de muitos fenômenos do NT e da história da igreja primitiva. O nome desse período está associado a Judas Macabeu, líder dos Macabeus.1 No entanto, o nome da família, segundo o históriador Flávio Josefo, era Hasmon, do qual deriva o nome “hasmoniano” ou “asmoniano”. Hasmon ou Chasmon foi bisavô de Matatias, pai de Judas Macabeu[ii].

Esse período abrange 104 anos (167-63 a.C.). É caracterizado por lutas, perseguições, sacrifícios e, por último, por um longo período de independência e paz.

O surgimento desse período foi motivado pela nefasta dominação síria (Período Grego), sob o reinado de Antíoco IV, o Epífanes. Segundo Champlin foi a maioria dos livros apocrifos e pseudoepigráfo foram produzidos nesse período, e as seitas do fariseus e a dos saduceus surgiram tambem nesse período[iii]

O mundo romano Deus também usou os romanos para preparar o mundo para a chegada de seu Filho. Há alguns fatores a serem considerados nessa dominação:

1.Sociedade. Era a mais imoral que se pode imaginar; 2. Governo provinciano. Roma era a capital do mundo, a sede do grande Império. Augusto regia tudo através de seus vassalos, juízes, reis, governadores ou coisa semelhante. Em cada província havia um cônsul ou procônsul, conforme sua importância; 3. Religião. A religião dos romanos fora importada da Grécia. Com Augusto, porém, começa o culto dos imperadores. 4. Comércio. A chamada “Pax Romana” trouxe um grande e intenso desenvolvimento comercial com a contrução de estradas o que ajudou na propagação do evangelho.

Contribuição dos judeus Depois daquele período de glória dos macabeus, Herodes, o Grande, domina a Palestina; 1. Posição geográfica. As profecias assinalavam Judá como o berço de nascimento do Messias; 2. Herodes, o Grande. Apesar de toda a crueldade de Herodes, suas contribuições para o advento do Messias foram preciosas; 3. Escribismo. Esse movimento nasceu na Babilônia, encontrou em Esdras e Neemias seus legitimos e máximos expoentes, e entrou pelos séculos afora, e é grande e importante nos dias de Jesus; 4. Sinagogas. As sinagogas nasceram por causa da fidelidade dos escribas e do seu amor à Lei do Senhor; 5. Nacionalismo. O judeu era o povo mais nacionalista do mundo. Judeu é judeu. Não se comunicavam com os gentios. Essa tendência foi usada por Deus para mantê-los unidos sob a mesma esperança quanto ao Messias da Promessa.

Esses fatores vistos de uma forma rápida nos fornecem um quadro básico da vida cotidiana dos tempos de Jesus e seus discípulos.

O Novo Testamento é uma obra tanto divina quanto humana, pelo lado divino é a infalível e inerrante Palavra de Deus que nos conta como Ele enviou seu Filho ao mundo para salva-lo. No lado humano devemos observar que o NT é uma a literatura e que assim estar sujeita aos fatores relacionados ao tempo e espaço. Entre esses fatores temos o alto custo de produção duma obra literária no primeiro século, pois alguns os materiais de escrita eram importados como o papiro, que vinha do Egito, muitos documentos só era viáveis se houvesse patrocínio ou na maioria das vezes eram produzidos por encomenda, como parece ter sido o caso dos escritos de Lucas, outra característica é alta taxa de analfabetismo que chegava a cerca de 90% da população, sendo assim o texto ao ser escrito teria que levar em conta como soaria quando fosse lido em voz alta.

Estudiosos divergem acerca da língua utilizada para a escrita dos documentos do NT alguns afirmam que foram escritos em aramaico, principalmente o evangelho de Mateus, onde encontramos traços de aramaísmo e por ser a língua falada  por Jesus e seus discípulos, outros afirmam que foi o NT todo escrito em grego e os aramaísmos encontrados nos textos são provenientes da cultura judaica que os escritores tinham.

Os Evangelhos

O evangelho não é primariamente um código de ética ou um sistema metafisico, antes de tudo o evangelho é boas Novas. Como ponto de partida, devemos distinguir entre "o evangelho" e "os Evangelhos". O primeiro e a mensagem de Deus aos homens. E as boas novas de Deus, o relato ou história que nos conta o que Deus, por meio da encarnação, das andanças terrenas, dos poderosos feitos, do sofrimento, da morte e ressurreição de seu único Filho, fez para salvar os pecadores. E o evangelho ou "mensagem das boas novas", as alegres noticias de salvação endereçada a um mundo perdido no pecado. Este e o termo bíblico em seu sentido usual. 1 Os primeiros três Evangelhos apresentam o mesmo ponto de vista da vida e dos ensinos de nosso Senhor; por isso são chamados Sinóticos (uma visão de conjunto). Essa denominação foi dada pelo alemão J. J. Griesbach, enquanto o evangelho de João é denominado de autóptico, João apresenta um ponto de vista próprio Estes livros são semelhantes entre si, no entanto são também diferentes. Segundo revela um estudo detalhado desses Evangelhos, aborda até onde vai essa semelhança? E sua diferença? Que problema cria o resultado de nosso estudo? Qual a conclusão que se pode chegar?

A Questão Sinótica

A relação a seguir, nos ajuda a compreender melhor essas questões.

 1. Em Mateus e Lucas nota-se profunda diferença nas narrativas que precedem o ministério público de Jesus.

 2. Impressiona o fato de que Mateus e Lucas, ao narrarem o ministério público de Jesus, tenham concordado entre si e coincidido com o relato de Marcos.

 3. Quando termina a narrativa de Marcos, há nova divergência entre Mateus e Lucas.

 4. Mateus e Lucas concordam substancialmente na discussão dos tópicos que aparecem em Marcos.

 5. Mateus e Lucas caminham junto um do outro com Marcos nos relatos acima indicados; em seguida, Lucas distancia-se de Mateus.

 6. Mateus e Lucas concordam com Marcos quanto à ordem dos episódios narrados nos três relatos.

 7. Havendo alguma divergência, Mateus ou Lucas discordam dos outros dois, mas Marcos fica sempre com a maioria.

 8. Quando Mateus discorda de Lucas, dentro dos limites de operação de Marcos, há narrativas que Marcos omite. Nessas porções, Mateus e Lucas são mais completos do que Marcos.

 9. Cada um dos três evangelistas descreve particularidades que não aparecem nos dois outros evangelhos.

 10. Executando-se Marcos 4.26-29 e 7.31-37, além de um ou outro versículo isolado, o evangelho de Marcos inteiro é reproduzido ou em Mateus ou em Lucas, ou mesmo em ambos.

O Evangelho de Mateus tem como proposito principal de apresentar Jesus para os judeus e para isso utiliza mais que qualquer outro o A.T. é também caracterizado pelo forte uso do hebraísmo e chamado de o Evangelho da realeza.

O Evangelho de Marcos não é um simples recontar dos fatos ocorridos na vida e ministério de Jesus, mas sim um vivido relato da vida terrena do filho de Deus.

O Evangelho de Lucas nos mostra que se houve um homem que escreveu um livro cheio de boas-novas, esse homem foi Lucas neste Evangelho, encontramos indivíduos e multidões, mulheres, crianças e homens, pessoas ricas e pobres, pecadores e santos. O livro tem uma mensagem para todos, pois a ênfase de Lucas é sobre o caráter universal de Cristo e de sua salvação: "boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo" (Lc 2:10)

O Evangelho de João Enquanto os três primeiros Evangelhos concentram-se em descrever acontecimentos da vida de Cristo, João enfatiza o significado desses acontecimentos. Por exemplo, os quatro Evangelhos relatam a ocasião em que Jesus alimentou os cinco mil, mas somente João registra o sermão sobre "O Pão da Vida", proferido logo depois do milagre e no qual Jesus interpretou ao povo o que havia feito. Ao longo de todo o Evangelho de João, pode-se ver um tema constante: Jesus Cristo é o Filho de Deus, e, se nos entregarmos a ele, receberemos dele a vida eterna

O livro de Atos Entre o ministério do Senhor Jesus Cristo e a Igreja, como ela emergiu na corrente plena da história, ha uma tremenda lacuna. Como foi possível que os seguidores de Jesus, que eram obscuros provincianos da Galileia e da Judeia, se tivessem tornado figuras mundiais? O que e que transformou aquela timidez que levou esses homens a negacao e a fuga quando da crucificacao, numa coragem que os tornou destemidos apologistas de uma nova fe? Como e que pregadores, que eram confessadamente "iletrados e indoutos" (At 4:13), realizaram sobre o mundo um impacto tal que criaram uma cultura inteiramente nova no aspecto de toda a civilização ocidental? Qual foi a origem das verdades teológicas contidas no Novo Testamento e pregadas pelos missionários primitivos? Como e que o ensino das epistolas esta relacionado com o ensino dos Evangelhos? Como e que um movimento que começou entre os judeus, que se centralizou num Messias judaico e que se baseou nas Escrituras judaicas, se tornou uma religião esposada largamente pelos gentios, como o e hoje?

Estas e outras perguntas semelhantes tem a sua resposta no livro dos Atos dos Apóstolos, que e a única ligação existente entre o ministério e o ensino de Cristo e o Cristianismo que aparece florescente nas epistolas de Paulo e dos outros escritores do Novo Testamento.

As Epístolas

Epistola é um termo transliterado do grego epistolé e tem o mesmo significado de carta. Fica claro pela leitura e pelo estudo que as epistolas é uma substituição de conversas pessoais que os seus autores desejariam ter com as comunidades e os indivíduos a quem envia as epistolas.

O estilo epistolar é o mais abundante tipo de literatura no NT elas constituem 21 dos 27 livros do novo testamento e o maior autor neste estilo foi o apostolo Paulo com 13, tornando assim o segundo maior escritor do NT, ficando atrás apenas de Lucas.

Paulo é um personagem tão importante no Novo Testamento e na história da igreja que tem sido chamado de o segundo fundador do cristianismo, é claro que isso não é a verdade, pois desconsidera a continuidade entre Jesus e Paulo e menospreza injustamente as contribuições de homens tais como Pedro, Joao e Lucas, mas não há duvida de que Paulo desempenhou um papel vital no crescimento e estabelecimento da igreja e na interpretação e aplicação da graça de Deus em Cristo. E Paulo continua a nos ministrar hoje em dia por meio das suas 13 epistolas que se tomaram parte do cânon do Novo Testamento. As epistolas paulinas constituem 25,5% do Novo Testamento, colocando Paulo logo atrás de Lucas com 27,1% do Novo Testamento. E, caso se acrescentem os 16 capítulos de Atos (13—28) que são quase inteiramente dedicados a Paulo, este aparece em mais de um terço do Novo Testamento.

As epistolas estão divididas em dois blocos principais, a saber, epistolas paulinas (13) e as epistolas católicas (8) que também são chamadas de gerais ou universais. As epistolas paulinas se dividem ainda da seguinte forma As Primeiras Epístolas de Paulo (Gálatas, que provavelmente foi o primeiro livro que compõe o N.T. a ser escrito, 1 e 2 Tessalonicenses); As Epístolas Principais de Paulo (Romanos e 1 e 2 Coríntios); As Epístolas Paulinas da Prisão (Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemon) ; As Epístolas Pastorais de Paulo (1 e 2 Timóteo e Tito).

EPISTOLAS GERAIS O vocábulo "católico", cujo significado é "geral, universal", veio a ser aplicado pela Igreja primitiva às epístolas de Tiago, I e II Pedro, I - III João e Judas porque, excetuando II e III João, elas não contam com indicações de terem sido endereçadas a alguma única localidade. Deve-se observar que receberam nome de seus autores tradicionais, no que se parecem com os evangelhos, mas, diferentemente das epístolas paulinas e de Hebreus, que derivam seu nome dos seus destinatários tradicionalmente atribuídos.[iv]

Apocalipse

O livro de Apocalipse é um livro sobre Jesus e sua igreja. É também um livro de revelação. O véu é retirado e nos é dado discernimento de determinadas coisas. Essa revelação é feita por meio de sinais: candeeiros, selos, trombetas, taças. Usa também números: o número sete aparece 54 vezes.. A história não caminha para o caos nem está dando voltas cíclicas, mas caminha para um fim glorioso da vitória completa de Cristo e da igreja, esse livro nos foi dado como propósitos morais e espirituais: CONSOLAR-NOS, "MOSTRAR, O ÂMAGO DA LUTA QUE ESTAMOS TRAVANDO CONTRA O MUNDO E O DIABO E A VITÓRIA RETUMBANTE DE CRISTO. O estudo do Apocalipse deve nos incentivar à santidade; encorajamento no sofrimento; adorar àquele que está no trono (2 Ped 3:12).[v]







Teologia do Novo Testamento

Teologia bíblica é a área de estudo que se ocupa o que um autor ou partes do cânon enuncia sobre determinado tema, a teologia bíblica é o ramo mais novo do estudo bíblico, portanto estudar Teologia do Novo Testamento é se ocupar dos temas relevantes que estão inseridos nos documentos neotestametário. Darrell L. Bock diz que a teologia bíblica é a ponte entre a exegese e a teologia sistemática.[vi]

O estudo da teologia do NT é sem duvida proveitoso, pois nos conscientiza da abordagem de uma maneira pormenorizada dando assim suporte que a teologia sistemática, apesar da valia desse estudo é muito discutida a metodologia empregada, há autores que dividem o NT em blocos, as vezes usando seções usuais como Evangelhos, Atos, Epistolas Paulinas, Epistolas gerais e apocalipse, porem existem teólogos que tratam cada livro da bíblia de forma separada, e ainda há os que trata por autor.

HISTÓRIA DA TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO

A Idade Media

Durante a Idade Media, o estudo bíblico esteve completamente subordinado ao dogma eclesiástico. A teologia da Bíblia foi usada apenas para reforçar os ensinos dogmáticos da Igreja, os quais eram fundamentados na Bíblia e na tradição da Igreja. Nesse período, não apenas a Bíblia, vista sob uma perspectiva histórica, mas a Bíblia como interpretada pela tradição da Igreja foi considerada como a fonte da teologia dogmática .

A Reforma

Os reformadores reagiram contra o caráter não bíblico da teologia dogmática e insistiram que a teologia deveria estar fundamentada apenas na Bíblia. A Dogmática  deve ser a formulação sistemática dos ensinos da Bíblia. Esta nova ênfase levou ao estudo das línguas originais da Escritura, e a uma conscientização quanto a importância do papel da história na teologia bíblica. Os reformadores insistiram que a Bíblia deveria ser interpretada literalmente, em vez de alegoricamente, e essa abordagem teve como consequência o inicio de uma verdadeira teologia bíblica. Entretanto, a perspectiva histórica dos reformadores era imperfeita e, muitas vezes, o Antigo Testamento foi interpretado não em termos do seu próprio contexto histórico, mas em termos da verdade neotestamentária. Por exemplo, Calvino escreve como se os judeus conhecessem e compreendessem, embora de modo imperfeito, a doutrina da pessoa de Cristo encontrada no Novo Testamento (Institutes, II, vi, 4).

O Escolasticismo Ortodoxo

Os resultados alcançados pelos reformadores no estudo histórico da Bíblia foram esquecidos rapidamente, no período imediatamente posterior a Reforma, e a Bíblia foi mais uma vez utilizada sem uma perspectiva critica e histórica, para servir de apoio a doutrina ortodoxa. A Bíblia foi conside­rada um livro isento de erros e contradições, assim como um livro sem desenvolvimento ou progresso. A Bíblia, em seu todo, foi considerada como possuindo um nível único de valor teológico. A História foi completamente absorvida pelo dogma e a filologia tornou-se um ramo da dogmática.

A Reação Racionalista

A teologia bíblica como disciplina e um produto do impacto do Iluminismo sobre os estudos bíblicos. No século dezoito surgiu uma nova perspectiva do estudo da Bíblia, a qual libertou-se gradativamente de todo controle eclesiástico e teológico e procurou interpreta-la com completa objetividade", encarando-a simplesmente como um produto da história. Este movimento foi produzido por varias influencias inter-relacionada. O surgimento do racionalismo, uma reação ao supernaturalismo, o desenvolvimento do metodo histórico, o surgimento da critica literária, foram fatores que resultaram em uma nova concepção acerca dos registros bíblicos, que deixaram de ser vistos como a Palavra de Deus, dada por inspiração do Espirito, mas como registros históricos humanos, como qualquer outra literatura antiga.

Essas influências levaram a conclusão de que os estudiosos não deveriam procurar uma teologia na Bíblia, mas apenas a história da religião. Dessa maneira, a Bíblia foi considerada como uma compilação de escritos religiosos da antiguidade que preservam a história de um povo semítico antigo, e devia ser estudada com as mesmas pressuposições utilizadas nos estudos de outras religiões semíticas. Esta conclusão foi articulada de modo claro pela primeira vez por Johan Philipp. Gabler, que, durante uma aula inaugural em 1787, fez uma nítida separação entre a teologia bíblica e a dogmática . A primeira deve ser estritamente histórica e independente da teologia dogmática , procurando traçar o surgimento das ideias religiosas em Israel e identificando o que os escritores bíblicos pensaram a respeito de assuntos de natureza religiosa. A teologia dogmática, por outro lado, faz uso da teologia bíblica, extraindo dela aquilo que tem relevância universal por intermédio da utilização de conceitos filosóficos. A teologia dogmática  e aquilo que um teólogo particular decide sobre assuntos divinos, considerados racional e filosoficamente de acordo com a perspectiva e exigências de sua própria época, mas a teologia bíblica preocupa-se somente com aquilo que os homens criam ha tempos atrás.

Gabler foi essencialmente um racionalista, e sua abordagem metodológica para o estudo da teologia bíblica prevaleceu por aproximadamente cinquenta anos. Varias obras sobre a teologia da Bíblia foram escritas por Kaiser (1813), De Wette (1813), Baumgarten-Crusius (1828), e von Colin (1836). Alguns estudiosos desse período foram extremamente racionalistas, descobrindo na Bíblia ideias religiosas que estavam em consonância com as leis universais da razão. Outros procuraram conciliar a teologia crista com as formas de pensamento do período moderno. Embora um racionalismo como este possa ser considerado ultrapassado, e obvio que essa perspectiva básica em relação ao estudo da Bíblia ainda e utilizada por parte dos estudiosos modernos; e ate mesmo o estudioso evangélico emprega o método histórico, muito embora com limitações.

O Surgimento da Filosofia da Religião

O racionalismo foi substituído pela influencia da filosofia idealista de Hegel (1813), que percebeu a Ideia Absoluta ou o Espirito Absoluto se manifestando eternamente no universo e nos assuntos humanos. Hegel ensinou que o movimento do pensamento humano seguia o padrão dialético de uma posição (tese) para outra oposta (antítese); e da interação dessas duas emergia um novo discernimento ou aspecto da realidade (síntese). Hegel encarou a história da religião como a evolução do Espirito em sua apreensão dialética do divino, partindo de religiões da natureza, passando pelas religiões de individualidade espiritual, ate a Religião Absoluta, que e o cristianismo.

Sob a influencia de Hegel, F .C. Baur abandonou os esforços racionalistas para encontrar uma verdade eterna no Novo Testamento, mas em seu lugar encontrou, nos movimentos históricos da igreja primitiva, a revelação da sabedoria e do espirito. O ponto de partida de seus estudos foram os ensinamentos de Jesus que, segundo a concepção dessa escola, não chegaram a constituir uma teologia, mas foram a expressão de sua consciência religiosa. A reflexão teológica teve inicio com os debates sobre a questão da lei. Paulo, o primeiro teólogo, assumiu a posição de que o cristão esta livre da Lei (tese). O cristianismo judaico, representado particularmente por Tiago e Pedro, tomou a posição oposta, ou seja, que a Lei era de valor permanente e deveria permanecer como um elemento essencial na igreja crista (antitese).* Baur interpretou a história do cristianismo apostólico em termos deste conflito entre o cristianismo paulino e o judaico. O resultado desse conflito foi o surgimento da antiga Igreja Católica no segundo século, a qual realizou uma harmonização bem sucedida entre essas duas posições (síntese).

Baur mostrou-se menos preocupado com a verdade evidenciada nas Escrituras do que com o esforço de estudar seu desenvolvimento histórico. Deve-se a Baur uma contribuição duradoura, pois o principio de que a teologia bíblica esta inseparavelmente relacionada à história e valido, muito embora a aplicação que Baur fez desse mesmo principio não o seja. A interpretação de Baur provocou o surgimento da chamada "Escola de Tubingen", que teve grande influencia nos estudos do Novo Testamento na Alemanha.

A REAÇÃO CONSERVADORA

Essas novas abordagens de estudos bíblicos naturalmente encontraram forte resistência dos círculos ortodoxos, não apenas daqueles que negaram a validade de uma perspectiva histórica, mas também daqueles que procuraram combinar o método histórico com uma fé firmemente apoiada na revelação. De grande influencia foram as obras de E. W. Hengstenberg, Christology of the Old Testament (A Cristologia do Antigo Testamento) (1829-35) e Históry of the Kingdom of God under the OT (A História do Reino de Deus sob a Perspectiva do Antigo Testamento) (1869-71). Hengstenberg observou pouco progresso na revelação e fez pouca distinção entre os dois testamentos, procurando interpretar os profetas espiritualmente, com pouca referenda a história. uma perspectiva mais histórica foi estruturada por J.C.K. Hofmann em uma serie de escritos iniciados em 1841 (Prophecy and Fulfillment, [ Profecias e seus Cumprimentos]). Ele procurou vindicar a autoridade e a inspiração da Bíblia por meios históricos, desenvolvendo sua teologia da Heilsgeschichte ("História da Salvação"). Hofmann encontrou na Bíblia um registro do processo da história santa ou salvifica, que tem como objetivo a redenção de toda a humanidade, o qual, porem, não será plenamente concluído senão por ocasião da consumação escatológica. Ele procurou colocar cada livro da Bíblia em seu lugar logico no esquema da história da redenção. Esses estudiosos, que fazem parte da chamada "Escola de Erlangen", não consideraram a Bíblia como basicamente uma coleção de textos-prova ou um repositório de doutrina, mas como o testemunho do que Deus havia realizado na história da salvação. Defendiam que as afirmações proposicionais na Escritura não foram feitas para serem um fim em si mesmas nem um objeto de fe; mas que foram designadas para serem as portadoras do testemunho dos atos redentores de Deus (veja também J.A. Bengel e J. T. Beck).

A Escola de Erlangen exerceu grande influencia sobre estudiosos dos circulos conservadores, como F. A. G. Tholuck, T. Zahn e P. Feine, e encontra-se representada nas teologias de F. Buchsel (1937), A. Schlatter (1909), e Ethelbert Stauffer (1941) \ Stauffer rejeita a abordagem dos "sistemas de doutrina" e não procura tracar o desenvolvimento da compreensão cristã da pessoa e da obra de Jesus. Antes, apresenta uma "teologia cristocêntrica da história no Novo Testamento", ou seja, a teologia do piano de salvação apresentada na história do Novo Testamento. O livro têm falhas, pois não distingue entre os escritos canônicos e não-canônicos, além de ignorar a variedade das múltiplas interpretações do significado de Cristo no Novo Testamento.

Uma nova forma da teologia da Heilsgeschichte surgiu recentemente, pois ha um amplo reconhecimento de que a revelação aconteceu na história redentora, e que a Heilsgeschichte e a melhor maneira para se compreender a unidade da Bíblia.

A Perspectiva Histórica e Liberal na Teologia do Novo Testamento

Bultmann destacou que a consequência logica do método de Baur seria um total relativismo, pois a mente liberal não pode conceber a possibilidade da verdade absoluta presente nas relatividades da história (cf. "o fosso ignominioso" de Lessing). Isto foi evitado pela influencia do romantismo, por meio do qual a personalidade e interpretada como um poder formador da história. Sob a influencia da teologia de Ritsch, a essência do cristianismo foi interpretada como uma religião puramente etico-espiritual, que foi proclamada e incorporada na vida e missão de Jesus. O Reino de Deus e o bem supremo, o ideal ético. O amago da religião e a comunhão pessoal com Deus, como Pai.

Esta interpretação teológica foi reforçada pela solução do problema sinoptico com a descoberta da prioridade de Marcos e do hipotético documento Q. Os estudiosos desse "liberalismo antigo" acreditaram que, nesses documentos mais antigos, a ciência histórica havia por fim descoberto o verdadeiro Jesus, livre de toda interpretação teológica. Os teólogos bíblicos dessa escola iniciam com esta descrição "histórica" da religião ética de Jesus, e a seguir traçam os diversos sistemas de doutrina (Lehrbegriffe) que emergiram como o resultado de reflexões e especulações posteriores.[vii]





[i] Tognini Enéas  O Período Interbíblico; 400 anos de silêncio profético /— São Paulo: Hagnos, 2009.
1 Esse termo talvez derive da palavra hebraica maqqébet (Jz 4.21) ou da aramaica maqqaba (“martelo”).
[ii] Josefo Flavio. História dos Hebreus. Pag. 288
[iii] Champlin R. Norman Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia 6 volumes 7ª ed. Editora Hagnos São Paulo 2004 vol.3 pag. 873-888
[iv]Gundry , Robert H. Panorama do Novo Testamento  2ª edição: 1998 Editora Vida Nova
[v] Lopes Hernandes Dias Estudos no livro de Apocalipse. Editora Hagnos
[vi] Zuck, Roy B. Teologia do Novo Testamento CPAD Rio de Janeiro 2008
[vii] Ladd, George E. teologia do Novo Testamento, edição revisada São Paulo Hagnos 2003

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